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FGV
Gasto de empresas com TI trava em meio à crise no Brasil, aponta FGV
O pressentimento de Fernando Meirelles, felizmente, não se confirmou. O professor da Fundação Getulio Vargas e responsável por um estudo que mede o uso de tecnologia da informação no Brasil projetava a turbulência macroeconômica recente reduziria o montante que empresas alocam em recursos computacionais. Isso, porém, não aconteceu.
“É notável. Esperava que caísse, mas permaneceu estável”, diz o especialista, que acompanha de perto as oscilações desse mercado há quase três décadas. O montante alocado pelas companhias no Brasil em recursos de TI manteve-se em 7,6% de sua receita, ou seja, patamar idêntico ao verificado no ano passado.
Claro que, quando colocado em perspectiva e analisado o cenário macro, não há muito para se comemorar. Afinal, Meirelles observa que essa foi a primeira vez que o crescimento do segmento é muito pequeno. “Mas prevejo que vai retomar o crescimento”, projeta, em tom otimista.
O setor de serviços puxou a média para cima, com as empresas destinando 11% de suas receitas em projetos de informática. Por outro lado, Comércio (3,5%) e Indústria (4,6%) puxam a média para baixo.
O gasto médio anual das companhias no país em TI por usuário das empresas é de R$ 38,1 mil. Além disso, a pesquisa da FGV indicou que 30% do dinheiro alocado em tecnologia se destinou a investimentos, sendo o restante classificado como despesa.
Indícios
O levantamento corroborou o contexto e retração de mercado, especialmente em alguns setores. Por exemplo, segundo a pesquisa, as vendas de computadores despencaram 30% no último ano. Pelas projeções, o Brasil deve atingir a marca de 166 milhões de PCs em uso ao final de 2016, o que representa uma média de quatro computadores para cada cinco habitantes.
“Faz três anos que adiamos em um ano a data que teremos uma máquina para cada brasileiro”, comentou Meirelles. “Achávamos que isso ia acontecer em 2018, mas agora já pensamos que isso só vai ficar para 2019 ou 2020, dependendo de como a economia vai se comportar nos próximos anos”, sinalizou.
O estudo revelou, porém, uma explosão no mercado de dispositivos móveis passíveis de serem conectados à internet. Ao todo, são 244 milhões de aparelhos, dos quais 71% são smartphones (total de 168 milhões) e o restante (76 milhões) tablets. A pesquisa revela ainda que existe 1,2 aparelhos por habitante.